sábado, março 24, 2007

“Sem mais cerimonial afastei-me dali, guiando-me pelos sinais que tinha ido deixando pelo caminho. Enquanto percorria túneis e túneis de livros na penumbra, não pude evitar que uma sensação de tristeza e desalento me embargasse. Não podia evitar pensar que se eu, por puro acaso, tinha descoberto todo um universo num só livro desconhecido no meio da infinidade daquela necrópole, dezenas de milhares mais ficariam inexplorados, esquecidos para sempre. Senti-me rodeado de milhões de páginas abandonadas, de universos e almas sem dono, que se afundam num oceano de escuridão, enquanto o mundo que palpitava fora daqueles muros perdia a memória sem disso se aperceber dia após dia, sentindo-se tanto mais sábio quanto mais esquecia.”

Citação do livro A sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón , que não me era destinado, foi prenda para outra pessoa, mas que por acaso veio parar-me às mãos. Talvez os acasos sejam mesmo as cicatrizes do destino. Gosto mais de acreditar que o nosso destino ou propósito neste mundo nos vai sendo revelado através de acasos e de procura.

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