terça-feira, outubro 25, 2005

Azedo, muito azedo e perverso como eu gosto

ir para o site do filme

Mitómano
Adjectivo e substantivo masculino,
que ou aquele que padece de mitomania

Mitomania
Substantivo feminino,
mania de certos indivíduos que arquitectam seres e histórias fantásticas em que eles próprios acreditam.


Tudo isto vem a propósito do novo filme de Claude Chabrol

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quinta-feira, outubro 13, 2005

After life seasons

Cheguei ao fim do livro de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
É sempre com tristeza que chego ao fim de um livro, um grande livro o meu primeiro livro deste escritor genial.

Deixo-vos com a frase que fecha o livro, frase que gostava que fosse também o meu epitáfio.





“Não tive filhos,
não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

go to after life site


Já posso morrer feliz!

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segunda-feira, outubro 10, 2005

Dia mundial contra a pena de morte

logojmgb

A pena de morte é a mais cruel, desumana, degradante forma de punição.

Viola o direito à vida.

Não contribui para uma sociedade mais justa, não resolve a criminalidade.
Tem na sua base uma ideia de punição baseada na exclusão violenta de outros seres, não integra não acolhe, e provoca injustiças, já que é irreversível.


É claro que podia insistir na contagem de todas as razões pelas quais me oponho a esta desgraça … mas não vos quero convencer de nada, não é esse o objectivo.

Vejam a informação.

Não vale a pena pensar que não estão envolvidos que não fazem parte da solução…estamos todos envolvidos, fazemos todos parte, mesmo não olhando …

é que não fazer nada é uma forma de acção.

Quero e acho útil chamar a atenção para a urgência de nos envolvermos através da acção nas ideias em que acreditamos.

Foi com admiração que verifiquei que África está no caminho da abolição total da pena de morte: o Senegal pôs fim à pena de morte em 2004 e a Libéria em Setembro de 2005;
30 Dos 53 estados africanos já aboliram a pena de morte, e 20 dos países que ainda não o fizeram já não executam as penas.

Apesar de todos os problemas de direitos humanos na região, esta é uma boa notícia, e também por isso é importante não baixar os braços … é essencial transformar a realidade, e esta é a prova que é possível.

Fica aqui o convite aos mais distraídos sobre a importância de tomar uma atitude,
Façamos um apelo ao mundo para O FIM da pena morte.

Assina o apelo para abolição da pena de morte em África: fica aqui o link:
http://www.abolition.fr/ecpm/french/petitionscoalitiongb.php?ref=11

Mais informação sobre a pena de morte e a situação actual:
http://web.amnesty.org/pages/deathpenalty-index-eng


http://www.abolition.fr/ecpm/french/article.php?sujet=162

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quinta-feira, outubro 06, 2005

Fica com a memória

Existe um mito que de tempos a tempos regressa, como que impondo-me limites.
O mito de Eco.
Eco estava apaixonada por Narciso, como ela tinha a particular capacidade de repetir as expressões e palavras que alguém acabou de proferir, quando Narciso pergunta "quem está aí"
Eco responde:"aí"
Quando Narciso diz: "encontremo-nos aqui".
Ela duplica… no entanto quando Eco se aproxima de Narciso este recua,
- Preferia morrer a ceder-te todo o meu poder, diz ele, e ela responde "ceder-te todo o meu poder"

Incapaz de comunicar, sentindo–se rejeitada e frustrada Eco dissolve, eteriza, perdendo o corpo, ficando apenas a voz.

Esta sensação de perda do corpo não é de todo desagradável porque existe a memória de um sorriso …Aprende-se tanto só a olhar para o sorriso dos outros…

O sorriso

"Creio que foi o sorriso,
O sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso."

Eugénio de Andrade

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quarta-feira, outubro 05, 2005

Dedico esta narração a todos os que gostam, necessitam e querem beijinhos…

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Psique Recebe o Beijo do Amor.
François Fragonard. 1794.


"Virgília notou a minha preocupação, levantou-me a cabeça, porque eu olhava então para o soalho, e disse-me com certa amargura:
- Você não merece os sacrifícios que lhe faço.
Não lhe disse nada; era ocioso ponderar-lhe que um pouco de desespero e terror daria à nossa situação o sabor cáustico dos primeiros dias; mas se lho dissesse, não é impossível que ela chegasse lenta e artificiosamente até esse pouco de desespero e terror. Não lhe disse nada. Ela batia nervosamente com a ponta do pé no chão; aproximei-me e beijei-a na testa. Virgília recuou, como se fosse um beijo de defunto.


ENTRE A BOCA E A TESTA


Sinto que o leitor estremeceu, – ou devia estremecer.
Naturalmente a última palavra sugeriu-lhe três ou quatro reflexões. Veja bem o quadro: numa casinha da Gamboa, duas pessoas que se amam há muito tempo, uma inclinada para a outra, a dar-lhe um beijo na testa, e a outra a recuar, como se sentisse o contacto de uma boca de cadáver. Há aí, no breve intervalo, entre a boca e a testa, antes do beijo e depois do beijo, há aí largo espaço para muita cousa, – a contração de um ressentimento, – a ruga da desconfiança,
– ou enfim o nariz pálido e sonolento da saciedade…”


Pois continuo no Machado de Assis, ver post anteriores.

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